10 julho, 2017

Faça qualquer um gostar de você com esses 11 truques de psicologia

Ana Luisa com 5 anos, em 2007. Porto Alegre/RS.

A jornalista científica Maggie Zhang reuniu uma série de estudos que vão ajudá-lo a passar por simpático em quase qualquer situação.

Estar entre pessoas que gostam de você não é só uma sensação ótima: também te torna mais persuasivo e até bem-sucedido. Claro, ser popular pode ser um desafio, especialmente em ambientes novos – mas fique sabendo que a psicologia já tem um monte de “hacks” para te ajudar na missão de se tornar “mais gostável”.
A jornalista científica Maggie Zhang reuniu uma série de estudos que te fazem passar por simpático em quase qualquer situação, e a gente resume para você:
1. Esteja por perto
O primeiro truque não exige nada mais que a sua presença. Existe um fenômeno chamado “efeito de mera exposição”, que explica porque coisas familiares te dão aquele quentinho no coração. Quanto mais você se acostuma com a presença de alguma coisa, mais tende a gostar dela.
Um estudo da Universidade de Pittsburgh colocou quatro atrizes para frequentar aleatoriamente algumas aulas de psicologia. Depois, perguntaram a universitários homens com qual delas eles tinham mais afinidade.
Detalhe: eles nunca haviam falado com nenhuma das quatro. Na maior parte do tempo, os participantes preferiam aquela que tinha ido a mais aulas.
A reação é completamente passiva: o fato de algo ou alguém fazer parte da sua rotina cria interações (mesmo não verbais) constantes, que criam uma certa intimidade e aumentam as chances de nascer uma amizade.
Seja chato, seja legal, mas esteja lá – já é meio caminho andado para que gostem de você.
2. Elogie para ser elogiado… mas não demais
Falar bem de alguém funciona como um bumerangue: quem escuta um elogio passa a associar os adjetivos usados a pessoa que falou. A transferência acontece mesmo quando o galanteio não é dos mais sinceros.
Ou seja, quando você diz que alguém é inteligente, alegre e animado, a pessoa do outro lado vai pensar associar você à inteligência, alegria e animação. O contrário também é verdade: se você sair falando mal dos outros, a impressão ruim recai sobre você.
O problema é que ninguém dá muito crédito para elogios que são feitos toda hora. Um estudo colocou 80 universitárias para conversar em duplas. Depois, elas eram separadas e uma podia “espiar” enquanto a outra conversava com os pesquisadores.
Algumas meninas só fizeram comentários bons sobre a parceira, outras só ruins e outro grupo misturava os dois tipos de avaliação. No final das contas, as participantes ficavam mais satisfeitas quando a dupla começava falando mal delas e terminava elogiando – nesse caso, elas sentiam que conseguiram “conquistar” a outra durante o papo e, daí, valorizavam mais a parte boa.
3. Descubra conexões em comum
Seja no Facebook, seja no Tinder, a quantidade de amigos em comum sempre chama a atenção. E não é para menos: quando duas pessoas tem um amigo em comum, a relação entre elas fica mais próxima.
A teoria por trás desse fator é chamada de “proximidade de tríade”. Estudantes da Universidade de British Columbia, no Canadá, mostraram que a chance de aceitar uma pessoa nas redes sociais era de 80% quando elas tem mais de 11 amigos em comum.
Já quando não existe essa conexão prévia, você só deixa a pessoa fazer parte da sua rede de contatos em 20% dos casos.
4. Seja legal… e só depois mostre o quanto você é bom
A psicóloga de Harvard Amy Cuddy baseou seu livro em só dois fatores que ajudam a determinar se alguém vai gostar ou não de você. De acordo com ela, uma primeira impressão depende do quanto você parece confiável e o quanto você impõe respeito.
Você passa confiança quando se mostra uma pessoa calorosa desde o começo. Já o respeito tem a ver com demonstrar competência e status intelectual e econômico.
Só que a ordem dessas impressões é essencial – deixe para parecer competente apenas quando já estiver demonstrado bastante afeto.
A explicação para isso, segundo Cuddy, é evolutiva: para a nossa sobrevivência, era crucial saber se o outro era digno de confiança antes de descobrir, por exemplo, se ele era forte (afinal, essa força toda podia sobrar para você).
5. Faça besteira
Falando em competência, nada faz as pessoas gostarem tanto de alguém bem sucedido quanto vê-lo cometer um erro. Um estudo gravou uma sala de voluntários fazendo um teste oral e depois reproduziu o áudio para universitários e perguntou de qual dos participantes eles gostavam mais.
Os favoritos foram os que mandaram bem na prova, mas derrubaram café no final – as pessoas gostavam mais deles do que dos inteligentes que não se atrapalharam.
Só que o efeito só funciona para quem passa a impressão de ser competente. Aqueles que iam mal no teste e também derrubaram o café não passaram uma impressão positiva. Se mostrar vulnerável ajuda os outros a se identificarem com você, mas ninguém quer se espalhar em alguém que faz tudo errado sempre.
6. Toque as pessoas (de um jeito respeitoso, é claro)
Sabe aquele tapinha nas costas quando você vai dar parabéns para alguém? Ou aquele toque rápido no braço quando você entende a piada da pessoa?
Então: se esses contatos físicos forem rápidos e respeitosos o suficiente, você pode ganhar pontos com seu interlocutor. Em um estudo da Universidade do Mississipi, algumas garçonetes foram instruídas a tocar rapidamente o ombro ou as costas dos clientes quando retornavam os trocos deles – e as que fizeram isso conseguiram gorjetas maiores do que as que não tocavam os clientes.
Agora, claro, tudo é jeito: tocar uma pessoa que claramente prefere manter distância é fracasso na certa.
7. Sorria!
Quem sorri mais é mais “gostável”. Isso de acordo com um estudo da Universidade de Wyoming, nos EUA, no qual 100 participantes mulheres olharam fotos de várias outras moças em quatro poses diferentes – sorrindo com uma postura corporal ‘aberta’ (coluna ereta e braços descruzados), sorrindo em postura ‘fechada’ (braços cruzados), rosto sério com postura aberta e não sorrindo em postura fechada.
De todas as fotos, as mulheres que sorriam, independente da postura corporal, foram consideradas as mais amigáveis. Outro estudo, da Universidade de Florença, na Itália, sugere que sorrir quando você conhece alguém faz com que elas lembrem de você mais tarde.
Por fim, uma terceira pesquisa chegou a conclusão de que você inconscientemente sente as emoções de quem está por perto. Assim, estar de bom humor vai deixar todo mundo ao seu redor mais feliz.
8. Compartilhe um segredo
A lógica é simples: se você contar para a pessoa algum segredo sobre você, ela se sente especial – e cria uma simpatia por você. A conclusão é de uma pesquisa da Stony Brook University, que funcionou assim: algumas pessoas formaram pares e conversaram por 45 minutos.
Mas não era qualquer conversa – cada dupla seguia um roteiro de perguntas, e havia dois tipos de roteiro: um extremamente pessoal (com perguntas como “como é sua relação com a sua mãe?”), e o outro, com conversa de elevador (“tá frio, né?”).
No fim do processo, as duplas que perguntaram coisas pessoais disseram já ser amigas, entquanto as outras disseram que não dava para afirmar isso.
9. Espere coisas boas das pessoas
Se liga na magia: se você considera uma pessoa uma chata, provavelmente vai agir de um jeito mais defensivo com ela – o que, por sua vez, vai fazer com que essa pessoa te ache um idiota.
Aí, ela também vai querer se proteger e, no fim, a forma como ela agir vai acabar confirmando a sua opinião ruim a respeito dela. Isso é conhecido como o efeito Pigmaleão (ou efeito Rosenthal), e também funciona do outro lado: se você já esperar um tratamento amigável de alguém, provavelmente vai se abrir mais, e aí essa pessoa vai sentir essa abertura e realmente ser mais amigável. Pelo menos, é isso que diz um artigo publicado na Harvard Magazine. Mas faz sentido, né?
10. Tenha senso de humor
Uma pesquisa das universidades da Califórnia e de Illinois mostra que um bom senso de humor é a característica que as pessoas mais procuram com os amigos, e está acima de qualquer outro traço positivo – incluindo empatia, beleza e gostos parecidos.
Por outro lado, não ter um senso de humor (especialmente no seu trabalho) pode ser desastroso: em um estudo da Universidade de Washington, que analisou as relações entre 140 colegas de trabalho entre 26 e 35 anos, fica claro que as pessoas com menos senso de humor eram as menos populares – mesmo que elas fossem sabidamente bons trabalhadores, éticos ou pessoas educadas.
11. Deixe a pessoa falar de si (e ouça)
Falar de si, de acordo com um estudo de Harvard, é tão recompensador quanto ganhar dinheiro, fazer sexo ou comer. Mas segundo Stuart Diamond, professor da Universidade da Pensilvânia, abrir um espacinho nessa falação para ouvir o outro – nem que seja só um pouquinho – pode dar um up na relação, mesmo que não seja a relação mais profunda do mundo.
Uma vez, ele precisou de um favor de uma atendente do guichê de uma companhia aérea – só que a mulher estava cansada e de mal humor, e não parecia afim de ajudar.
Aí, Diamond chegou perto e perguntou se estava tudo bem: “Ela sabia que eu queria um favor. Mas só eu parei 10 segundos para perguntar como ela se sentia”, disse ele – e no fim, o pesquisador conseguiu o favor.
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  Publicado por Ana Carolina Leonardi e Helô D'Angelo, Revista Superinteressante, acessado em 13 de dezembro de 2016. 



03 julho, 2017

Bauman e a contemporaneidade


    Bauman é feliz em sua análise referente a contemporaneidade.

    Sobre a globalização ele afirma que esta acaba por encher o local com muitas coisas desnecessárias ou ruins. Nem sempre o local está preparado para receber, em ritmo muito acelerado, tantas coisas de fora..., informações, tendências, mudanças, etc... Com tantas coisas chegando constantemente ao local, há toda uma alteração em sua organização, as quais resultam mais em efeitos negativos do que positivos. O local não ...suporta o global.
    Assim como o global e o local, também as redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram...) nos causam certa desacomodação a qual tem efeito mais negativo q positivo. Diariamente acabamos por receber muitas informações de todos os lados, de todas as partes..., muitas desnecessárias, muitas falsas ou tendenciosas. Somos obrigados repaginar constantemente nosso pensamento. Perde-se com isso determinada identidade, determinada contemplação... o efeito das redes sociais acaba por ser mais deformador que formador em nós.

06 junho, 2017

Como devo me comportar numa entrevista de emprego?

Quando professor de uma escola técnica, na cidade de Porto Alegre/RS, trabalhei com a cadeira chamada Psicologia da Comunicação e Ética. Nessa atividade, uma das perguntas que os alunos e alunas sempre faziam era: professor como devo me comportar numa entrevista de emprego? Essa indagação era sempre desafiadora. Primeiro porque também não tinha experiência em psicologia e em recursos humanos, segundo, porque percebia haver uma confiança muito grande daqueles jovens estudantes na figura do professor de psicologia.
O objetivo curricular da cadeira de Psicologia da Comunicação e Ética era desenvolver conhecimento conceitual básico sobre as principais abordagens clássicas da psicologia, ou melhor, era provocar no aluno ou aluna a compreensão das principais correntes de pensamento que compõem a psicologia, por exemplo, a Psicanálise, a Teoria da Gestalt, o Behaviorismo e o Humanismo. Num segundo momento trabalhava-se a questão da ética. Tudo correlacionado em discussões com a formação proporcionada pelos cursos técnicos que a cadeira atendia. Nesse caso, atendia alunos e alunas dos cursos técnicos em publicidade e propaganda, contabilidade e secretariado. Entre as discussões sobre psicologia e comportamento ético surgiam de forma natural a indagação sobre como se comportar numa entrevista de emprego. Algo muito natural e oportuno daqueles jovens que procuravam naquele meio a qualificação e a oportunidade de inserção no mercado de trabalho.    
Mas afinal como comportar-se numa entrevista de emprego? Voltando a angustia do professor e dos estudantes. Do professor, pois como já afirmado, não se tinha experiência nesse campo de recursos humanos. Dos estudantes porque era também uma necessidade de obter a informação para conquistar uma vaga de emprego. Todos as noites quando o professor regressava das aulas para casa procurava respostas de como contribuir com aqueles jovens de forma concreta e dentro de suas capacidades.
Quem é da área da educação sabe que não existem fórmulas mágicas, prontas para aprendizagem, por outro lado, sabe que o esforço, o trabalho e a persistência são respostas para muitas coisas. Ao chegar em casa, o professor fazia muita pesquisa bibliográfica e leituras sobre o tema. Também conversava com amigos psicólogos para ver o que se exigia, qual era o método, o que realmente contava para o sucesso em uma entrevista de emprego, tudo para que seus os alunos tivessem sucesso.
Com o tempo constatou-se o óbvio, isto é, que numa entrevista de emprego também não existem fórmulas mágicas, e há um conjunto de fatores que influenciam. Por exemplo, do lado de quem busca um emprego o requisito básico é a formação e a capacidade técnica, a habilidade de transmitir a sua aptidão e motivação ao emprego que se está a candidatar. Pesa muito o autoconhecimento. Do lado de quem contrata, depende de qual perfil profissional a empesa procura contratar, por exemplo, se é uma pessoa de perfil mais extrovertido, comunicativo o que geralmente é dotado de grande carisma e poder de persuasão, liderança. Ou uma pessoa mais centrada, mais analista, detalhista e meticulosa. Há também a influência até do profissional recrutador.  
Atualmente, na internet, encontram-se muitas dicas de professionais da área orientando de como se comportar numa entrevista de emprego. Nessas dicas é importante prestar atenção no que é o básico, isto é, o cuidado com o horário, de chegar no tempo certo da entrevista, nem muito antes e muito menos atrasado; ter conhecimento sobre a empresa, quem são os dirigentes, qual o ramo, os valores da empresa, sua missão e visão, sobre o profissional que ela está à procura; vestir-se adequadamente ao cargo; no momento da entrevista demonstrar interesse, ter cuidado com a forma de se expressar, com uso de gírias (dependendo do cargo); procurar ser objetivo e claro nas respostas,  isso contribui para demonstrar que o candidato tem domínio e conhecimento sobre a área.
Com o passar o do tempo, percebi ser útil aqueles jovens estudantes, não necessariamente pelas dicas básicas que se encontra na internet de como se comportar no momento de uma entrevista de emprego, mas sim pela formação que se foi desenvolvendo ao longo da cadeira, do autoconhecimento que a própria leitura de psicologia lhes causou, da reflexão ética e da importância que é agir e procurar agir de forma correta, tanto no dia-a-dia, como nas atividades profissionais. Afinal o que mais pesa numa entrevista de emprego são as competências e habilidades técnicas, os valores humanistas e éticos que se constituem em uma pessoa, isso tanto no percurso profissional como na vida como um todo.
 




Jarbas Cardoso é professor, tem experiência em gestão pública. Atualmente reside em Coimbra, onde cursa seu mestrado em Inovação e Empreendedorismo Social. 

10 outubro, 2016

A sociedade de confiança


A sociedade de desconfiança é uma sociedade temerosa, ganha-perde: uma sociedade na qual a vida em comum é um jogo cujo resultado é nulo, ou até negativo ("se tu ganhas eu perco"); sociedade propícia à luta de classes, ao mal-viver nacional e internacional, à inveja social, ao fechamento, à agressividade da vigilância mútua. A sociedade de confiança é uma sociedade em expansão, ganha-ganha ("se tu ganhas, eu ganho"); sociedade de solidariedade, de projeto comum, de abertura, de intercâmbio, de comunicação. Naturalmente, nenhuma sociedade é 100% de confiança ou de desconfiança. Do mesmo modo que uma mulher nunca é 100% feminina, nem um homem 100% masculino: este comporta sempre uma parte de feminilidade, aquela sempre um pouco de virilidade. O que dá o tom, é o elemento dominante.
Alain Peyrefitte

19 novembro, 2015

BAUMAN E SUA CRÍTICA A MODERNIDADE

Por Jarbas Cardoso*


É outubro de 2015, mais precisamente dia 23. O canal de TV CNN, assim como os demais e principais meios de comunicação globais, transmitem de forma midiática e a todo momento a passagem do furacão Patrícia pelo México. Segundo informações e análises de especialistas, Patrícia é o furacão mais forte que se tem registrado até o momento, com ventos que poderão chegar até 400 km/h, fazendo de seu poder de destruição equivalente ao de uma bomba nuclear. Do mesmo modo que aos canais de TV, os portais de internet de todos os jornais postam textos, vídeos e imagens captadas por satélites. Essas informações são disponibilizadas e atualizadas a todo o instante, sendo replicadas e compartilhadas via Feed de notícias nas redes sociais. Qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo e em tempo real, pode acompanhar as informações da trágica e pré-anunciada fa­talidade, que poderá, em poucos momentos, destruir a costa oeste do México.
O relato sobre o furacão Patrícia, independente de sua gravidade, é meramente um fato, assim como muitos outros que poderiam ser exemplificados para caracterizar a con­temporaneidade. Período que é caracterizado por avanços marcantes, em especial, na área da tecnologia e da comunicação, os quais fazem da informação algo imediato, com conec­tividade global e sem fronteiras. Essa rapidez de levar e trazer as informações em abran­gência global acaba por alterar a concepção de espaço e tempo e na forma de pensar e ser das pessoas.
É sobre esse fenômeno, sinônimo de fluidez e conectividade global, que Zygmunt Bauman, sociólogo e pensador da contemporaneidade, tece sua crítica. Segundo ele, vi­vemos em tempos líquidos onde todas as esferas da vida são afetadas. Nessa era de liqui­dez, Bauman aponta para dois aspectos centrais. O primeiro é referente a “vontade de li­berdade” inerente à constante busca pela individualização. O segundo é sobre a velocida­de, responsável pela “incoerência” das relações e pela alta exploração dos sujeitos. As coisas e as relações não são mais feitas para durar, há sempre novos “produtos”, mais modernos, atraentes e estimulantes para serem consumidos.

DA REDUÇÃO DO ESTADO À ANGUSTIA DAS RELAÇÕES PESSOAS
Para o filósofo Pondé, que analisa o pensamento de Bauman, na modernidade o Estado é cada vez menor, e quanto menor, menos atrapalha. Ele, o Estado, é cada vez mais “enxuto” e se descobriu como uma empresa ineficiente. Para o Estado funcionar de forma eficiente precisa encolher, e ao em encolher, o Estado vai se desfazendo de suas atribuições (a questão pública/social), sendo assim, o mesmo vai abrindo espaço para a iniciativa privada. Essa última, por sua vez, está mergulhada no mercado livre, o qual é o mais líquido de todos. Nesse cenário a cultura de mercado vai tomando conta de todas as relações, do mundo do trabalho, da educação, da cultura e do amor. Para Bauman, o mer­cado toma conta do amor, afirma Pondé.
 Em seu livro Amor Líquido, Bauman faz um recorte e direciona sua análise sobre as relações na modernidade, ou melhor, sobre a fragilidade dos laços humanos. Crítico da contemporaneidade afirma que existe uma fragmentação na vida social. A vida é dividida em episódios, tornando a(s) sociedade(s) individualizada(s). Essa fragmentação acaba por afetar relações, entre homem e mulher. Na atualidade quando se está em um relaciona­mento, as pessoas são atormentadas pela exigência de “qualidade”, na qual cada um dos envolvidos exigi “qualidade” na relação como se exige de um produto comprado em uma loja. Se a relação não está dentro de certa expectativa, a mesma é desfeita para iniciar uma nova relação. Esta exigência de “qualidade” nas relações se torna uma sombra, por­que as pessoas passam a observar a mesma, o tempo todo. A relação deve funcionar per­feitamente e segundo os desejos e vontades de cada um, do contrário, há a possibilidade de rompimento. As pessoas estão em uma relação, mas sabem que existem outras oportu­nidades, outras ofertas no meio, ou melhor no mercado, sabem também que podem ser trocadas, eis aí um dos medos em aprofundar uma relação, gerando incerteza e angustia.
Aprofundando a análise sobre a problemática dos relacionamentos, Bauman ar­gumenta sobre o “sexo puro” existente em nossos dias, o qual é pautado em “encontro pu­ramente sexual”, onde a inexistência de “restrições” compensaria a fragilidade do enga­jamento. A larga publicidade do sexo e as angústias dos relacionamentos superficiais au­mentam as incertezas da líquida vida moderna:
“Nenhuma união de corpos pode, por mais que se tente, escapar à moldura social e cortar todas as conexões com outras facetas da existência social. Pri­vado de seu antigo prestígio social e de significados que antes eram social­mente aprovados, o sexo cristalizava a incerteza aflitiva e alarmante que se tornou a principal ruína da líquida vida moderna.” (Bauman, 2006, p.74).
Ainda para Bauman, “qualificar os parceiros sexuais tornou-se o primeiro foco de ansiedade” pois mesmo no casamento, algo que deveria realizar o enlace de um casal, ge­rando confiança e segurança para ambos, esse, agora, é cenário de insegurança e angústia. A instituição casamento entrou na liquides das relações. Pois, os atuais poderes constituí­dos, já não parecem interessados em traçar a fronteira entre sexo “correcto” e “perverso”. Na liquidada era moderna muitas formas de atividade sexual não são apenas toleradas, mas frequentemente indicadas como terapias úteis. Isso tudo para oferecer objetivos “so­cialmente úteis” afirma Bauman. No fundo o objetivo único da exploração sexual é para fins mercadológico.
“A líquida sociedade moderna descobriu uma forma de explorar a propen­são/receptividade humana a sublimar os instintos sexuais sem recorrer à re­pressão, ou pelo menos limitando-a radicalmente. Isso aconteceu graças à progressiva desregulação do processo sublimatório, agora difuso e disperso, sempre a mudar o tempo todo mudando de direção e guiado pela sedução dos objetos de desejo sexual em oferta, e não por quaisquer pressões coercitivas” (Bauman, 2006, p. 81).
Segundo Bauman é preciso ter identidade. Isso é importante, mas nossa sociedade é, atualmente, redefinida a cada momento. Passamos a vida redefinindo nossa identidade, porque há modelos e formas de vida atraentes e tentadoras, que mudam constantemente em nossas vidas. Coisas que entram e saem da moda rapidamente. O que é hoje, amanhã já não é mais. São mudanças constantes e não duradouras.

A LÍQUIDA ERA MODERNA E A RACIONALIDADE COMERCIAL DO SEXO
A contemporaneidade acaba por influir no enfraquecimento dos relacionamentos, exatamente devido ao frenesi constante de informações e mudanças. Se o amor, em sua concepção tradicional, está disposto ao sacrifício e à renúncia em função do ser amado, o “amor líquido”, por temer o futuro, aposta e é incentivado por especialista, em relaciona­mentos de curto prazo movidos, principalmente, pelo impulso e oportunismo. Vivemos, ou sofremos mudanças visíveis de configurações, percepção e interação em relação ao nosso tempo.
Bauman critica a racionalidade e o comércio do sexo, pois a cultura do consumo fez do sexo algo racional ao mesmo tempo que um negócio, descaracterizando toda uma magia do encanto e do amor. O Eros está em todo o lugar, mas não permanece em um mesmo local por muito tempo. O sexo deixou de ter função da procriação (compromissos que visavam a paternidade e maternidade), abrindo-se uma competição com a medicina para o papel reprodutivo. Fazendo referência ao sexólogo Sigush, o pensador da líquida era moderna afirma que existe a possibilidade de “escolher um filho num catálogo de do­adores atraentes quase da mesma forma como eles (os consumidores contemporâneos) es­tão acostumados a comprar pelo correio ou por meio de revistas de moda”.

QUANDO ESTÁ COM SEU TELEMÓVEL, NUNCA SE ESTÁ FORA OU LONGE
As redes sociais são feitas para conectar e para desconectar. A atividade do novo tipo de amizade, como por exemplo, do Facebook, é muito fácil conectar e estabelecer amizades, mas é fácil também desconectar e terminar uma relação. Em uma sociedade que não para de receber e enviar mensagens no telemóvel, a crítica do pensador está vol­tada para o fato de que tal apego a esta dinâmica tecnológica de relação diminuiu a pro­ximidade, mas beneficiou o afastamento. Segundo o mesmo, não é a facilidade de estabe­lecer conexão o que mais cativa as pessoas, pelo contrário, é a facilidade de rompê-las. É muito fácil não mandar um e-mail, excluir e bloquear alguém na conta do Facebook.
Esse tipo de afastamento também afeta o ambiente familiar. Os lares deixaram de ser espaços de intimidade em meio ao mundo externo. Ocorreu um rápido resfriamento dos laços afetivos familiares. Entramos em nossas casas e fechamos a porta, e então en­tramos em nossos quartos separados e fechamos a porta. A casa torna-se um centro de la­zer multiuso em que os membros da família podem viver, por assim dizer, separadamente lado a lado.
Onde há necessidade, há hipótese de lucro. Na era cinzenta, o mercado vai ao limi­te e quer vender até a solidariedade, um sorriso amigo, o convívio ou a ajuda no momento de necessidade, argumenta Bauman, fazendo o alerta para a tentativa do mercado entrar inclusive no que chama de Economia Moral.

ACEITAR O PRECEITO DO AMOR AO PRÓXIMO É O ATO DE ORIGEM DA HUMANIDADE
A frase acima diz muito sobre o que Bauman quer nos passar. Referindo-se a Freud, que aqui simplificamos através do jargão “civilização ou barbárie”, pode-se afir­mar que ele toca na ética kantiana, não necessariamente sobre imperativo categórico de Agir apenas segundo máxima na qual possas ao mesmo tempo desejar que se torne lei universal, e sim na segunda máxima: Age de tal forma que trates a humanidade, na tua pessoa ou na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca apenas como um meio. Es­ses são preceitos que a contemporaneidade, em um exercício pedagógico, deve sugesti­vamente resgatar. Primeiro porque as pessoas têm desejos e objetivos, e as outras coisas têm valor para elas, em relação aos seus projetos. Ou melhor, as meras “coisas” têm valor apenas como meios para fins, sendo os fins humanos que lhes dão valor. Segundo, e ainda mais importante, os seres humanos têm um valor intrínseco, i.e., dignidade, porque são agentes racionais, ou seja, agentes livres com capacidade para tomar as suas próprias de­cisões, estabelecer os seus próprios objetivos e guiar a sua conduta pela razão. Ou seja, não é preciso amar o próximo, ou esperar algo em troca, mas é necessário respeitá-lo co­mo sujeito, um fim. 

OS ESPAÇOS URBANOS COMO ESPAÇOS DE SEGREGAÇÃO
Bauman diz que os nossos antepassados dispunham de poucos instrumentos, se é que tivessem algum, para agir efetivamente a longa distância. Mas estavam resguardados da exposição do sofrimento humano global. As relações e os acontecimentos eram locais, face a face.
Hoje com a ampliação dos espaços de comunicação de forma global, as pessoas estão conectadas no ciberespaço e trancadas em suas casas, em seus bairros ou condomí­nios muito bem protegidos. Isso para os que tem condição financeira. As casas, em muitos espaços urbanos, não estão mais para integrar as pessoas à sociedade, e sim para protegê-las da própria cidade. As cidades tornaram-se depósitos de lixo para os ploblemas gerados globalmente. Não são mais espaços de sociabilidade, de convívio e segurança, afirma Bauman. O público (Estado) como não tramita no ciberespaço, para o qual não há frontei­ras, ficou em âmbito local, mas com problemas trazidos pela globalização. No local, onde os mais apoderados financeiramente se cerca para ficar “fora” da excludente, do feio e do desconfortável da cidade, opta por ficar “dentro” dos oásis de calma e segurança. Quando surgem problemas sociais, esses são particularizados e com soluções encontradas no mer­cado. A questão de convívio e a problemática na cidade deixou, em muitos casos, de ser questão social. Nesse cenário de “confinamento” o medo é muito controlado e explorado ao mesmo tempo. Existe o medo de morrer com uma bala perdida, o medo de adoecer e não ter um plano médico. O medo de ser roubado ou agredido. Para Bauman, nesse cená­rio, a questão civitas ficou desprotegido e no silêncio do mandado ético.
 Quando a cidade se mostra muito perigosa, a elite financeira (camada superior) se muda para outro local. P. ex., no Brasil, com a atual crise política e económica, aumentou 30% o número de brasileiros que compraram casa e foram morar em Miami, EUA. Já os que não tem condições de comprar soluções ou se mudar, a tal camada inferior, esses fi­cam jogos em segundo plano, obrigados a viver no espaço local, muitas vezes excluídos, de todo um mundo social que ostenta o consumo. 

CONCLUSÃO
Bauman alertar sobre a necessidade de se desenvolver na humanidade o espirito de partilha para que seja novamente possível unir projetos individuais e ações coletivas. Nos convida para pensarmos so­luções aos desafios dados nesse início no novo século. Mesmo afirmando que ainda é ce­do para tentar apropriar-se antecipadamente da história para prever a forma que essa irá assumir e nos conduzir ao futuro. A busca de soluções terá que acontecer, afirma.
Enfim, é sempre difícil fazer crítica ao pensamento de um sábio. Dizem que um sábio erra, mas mesmo errando, erra sabiamente. O que podemos falar para Bauman é que para cada período de tempo à humanidade soube encontrar soluções a seus problemas. Em alguns momentos, Bauman é em demasia cético em relação a modernidade, no entan­to, conscientemente diz que ainda não se sabe aonde os atuais desafios irão nos levar, mesmo sendo sua crítica, parte da solução. Talvez uma releitura e retomada de alguns en­sinamentos clássicos do humanismo sejam sugestivos, a própria ética kantiana é um exemplo, à geração atual e as futuras. De igual forma, cabe a essas trabalhar e corrigir tais distorções, tanto no campo social quanto particular. A ferramenta das redes sociais, que possui alcance global, pode ser usada de forma mais ampla, para fins pedagógicos, na ten­tativa de despertar uma cultura onde se possa usar com mais responsabilidade a liberdade. Afinal, um martelo pode ser usado como arma, mas também em seu propósito de ferra­menta, na construção de casas.  
Sobre o furacão Patrícia horas após chegar à costa oeste do México, como o fura­cão mais forte já registrado pelas estações meteorológicas, o mesmo perdeu força e na madrugada de sábado, ao migrar mais para o interior do país, já era classificado como uma tempestade tropical, de acordo com informações da rede de TV norte-americana CNN. O furação trouxe prejuízos tanto humanos como materiais, mas em proporção bem menor do que o anunciado. 

Referência bibliográfica 
Bauman, Z. (2006) Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Lisboa: Relógio d’Água.  

Bibliografia complementar
Café Filosófico: O diagnóstico de Zygmunt Bauman para a Pós-Modernidade. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=6xt-k2kkvb4>. Acesso em: 13 out. 2015. 
 KANT, I. (1994) Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução: Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70. 


08 junho, 2015

Percepção e Sentido, um outro olhar é possível?


Se o mundo é o sentido que damos, então um outro olhar é possível? Que cultura podemos ter? Que sentido e significado?

20 abril, 2015

Sobre o Projeto de Lei nº 4.330/2004 e a terceirização do trabalho no Brasil


Dia desses escutei falar que a Volkswagen, todo ano antes de discutir e conceder reajuste salarial a seus funcionários, das unidades de produção da Alemanha, divulga relatório com valores dos salários pagos a outros seus funcionários em outras unidades de produção do globo. No geral salários com valores bem menores. É uma forma da empresa pressionar os trabalhadores na hora da negociação. 
De igual forma, a empresa Fiat transferiu uma unidade inteira de montagem da Polônia, novamente para sua sede, em Turim. Claro, para isso, fez uma série de imposições ao Governo Italiano, em especial na redução do custo trabalho, custo produção e na isenção fiscal.

Ora, a aprovação do Projeto de Lei 4.330/2004 é, na verdade, uma tentativa do capital de impor ao Estado Brasileiro, uma maior flexibilização das leis trabalhistas, para baratear o custo de produção, a partir da visão que o trabalho é apenas um componente do custo de produção e não algo digno do trabalhador, de seu sustento e de sua família, algo fomentador de seu progresso, social.
É a ordem global do capital que pede mais uma vez passagem, exigindo do estado nova reorientação política, de maior flexibilização na legislação trabalhistas e isenção fiscal, em nome de supostos investimentos.
Portanto, o que está em jogo por trás da terceirização no Brasil, é a velha questão conflitiva da distribuição da produção entre salário e lucro, entre rendimento do trabalho/trabalhador e rendimento do capital/capitalista. Nessa ordem, os salários são concebidos essencialmente como um componente do custo de produção, que é algo lamentável, pois é sempre a precarização do trabalho, a submissão (em especial) do trabalhador menos qualificado ao subemprego.
Muitos, talvez, ao dar passagem a ordem global do capital, esquecem que mesmo a globalização é resultado de decisões políticas e, de igual forma, que quanto menor é o custo do trabalho, menor é o efeito de compra na macroeconomia. Menos renda é menos consumo, logo é menos capital.
Ah, mas é claro, esqueci, para muitos (economistas) o trabalhador com poder de compra é o retorno da inflação.

13 abril, 2015

Um olhar sobre o Brasil...


Ainda hoje, ao pegar um táxi, em Porto.
- O senhor me leva na Avenida França?
- Em que ponto da Avenida?
- No consulado brasileiro, número 20.
- Você é brasileiro? 
- Sim.
- Hum, eu tenho uma filha que estuda lá, na UFRJ.
- Ah, legal.
- E você, é de São Paulo ou Rio? ( eu sabia que iria vir a pergunta, se eu era de SP...e tal, então pensei, vou sacanear um taxista hoje.)
- Nenhum dos dois.
- Silêncio...
- De onde é?
- Sou de Giruá, das bandas do Rincão Melgarejo. (hehehe... sacanagem né)
- Silêncio...
- Hum... e onde fica Giruá, lá no Brasil?
- Fica no Estado do Rio Grande do Sul. No extremo sul do País.
- Ah, sim, onde cai neve e tem churrasco bom!
- É, é mais ou menos isso!
A pergunta é sempre a mesma, você é de SP?... RJ?
A impressão que tenho, que no senso comum dos irmãos portugueses, o Brasil é mais ou menos assim:
Tem as praias dos estados do nordeste, na sequência é Rio de Janeiro, com mais praias, e saindo das praias do RJ, você olha o Corcovado, mas já da cidade de São Paulo. Claro, com condomínios de luxo, todos cercados e protegidos com muita segurança. E no entorno desses, favelas, muita pobreza e violência.
Eu tenho até a imagem do mapa, em minha cabeça.

* Imagem do site:< www.bahia-turismo.com/costa do cacau> em 13/04/2015

13 abril, 2014

Mundança...

Não há como pensar em mudança cultural, em transformação social, ou melhor, em revolução política com essa programação da TV aberta! O meu Deus, o que é isso: "Esquenta!"

16 janeiro, 2013

A BELA E HISTÓRICA ARQUITETURA DE SÃO BORJA

                                Foto: Ao fundo o histórico prédio Sotéia, de 1884, onde se hospedou o Conde D´Eu e possìvelmente D. Pedro II


 Por Jarbas Felicio Cardoso

Uma das questões que me fazem visitar seguidamente São Borja é a família de minha esposa que lá reside. No entanto há outros fatores que também sempre me cativaram a conhecer e visitar esta terra, esta cidade! É seu peso e influência política na história do país, da áurea de cidade missioneira e fronteiriça, da participação na histórica e continental Guerra do Paraguay, de sua visibilidade no período imperial, de suas estâncias, e claro, posteriormente o titulo de terra dos presidentes.
A caminho de São Borja, gosto de contemplar sua rica geografia pampeana. Chegando lá, de caminhar na cidade por suas ruas, de tirar fotos de seus antigos prédios que me remetem ao passado e, penso eu, que devem envolver todos os seus visitantes em sua mística de seu rico passado. O passado histórico é de grande importância à questão turística da região, que ainda precisa ser explorado, pois sempre afirmo que essa questão se sobressai a tão só beleza da região serrana do Rio Grande do Sul. E claro que, dentro dessa questão histórica, há a questão da culinária e dos costumes locais que devem, por obrigação, estar presentes na questão turística.
Não sei, não quero me passar por um mero palpitante, o fato é que essa riqueza descrita acima da bela e histórica cidade de São Borja, que sempre me instigou a conhecer o local, não é explorada ao todo. Pois ao caminhar pela cidade vejo grande parte de seus prédios históricos ainda sem a devida manutenção e exploração, algo que me preocupa. Penso que estes imóveis poderiam ser mais bem conservados com restaurações que mantivessem a beleza original. Há belos prédios centrais que estão ruindo, clamando por atenção. Observo à comunidade e autoridades locais para esse cuidado, vejo que há um potencial imenso a ser explorado na esteticidade arquitetônica da cidade, que denomino de lusa-hispânica.
Por gostar de São Borja senti-me na obrigação de escrever estas poucas linhas para elogiar essa terra de hospitalidade e de riquezas culturais, mas também, para chamar a atenção da carência de conservação aos prédios históricos. A final, o que me levou a conhecer e me faz voltar seguidamente a São Borja, não são as novas casas, ou os novos e sofisticados projetos arquitetônicos, e sim as pessoas com a rica cultura fronteiriça e de farta hospitalidade, fruto do passado histórico que é materializado em sua arquitetura predial secular.
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Foto: Darci Bergmann, 09/05/2010
Texto publicado em 09 de maio de 2010, no Blog Plante uma vida, plante uma arvore. 

29 fevereiro, 2012

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA VIDA: ESTUDOS E PERCEPÇÕES NA SALA DE AULA




Por Melissa Bergmann e Jarbas Felicio Cardoso*

Responder às indagações dos alunos sobre as questões da evolução da vida não é tarefa simples para os professores, em especial os da escola básica, principalmente com relação à evolução humana. A compreensão do surgimento da vida e da di versidade biológica requer o entendimento dos mecanismos evolutivos ao longo de bilhões de anos. A evolução biológica deveria permear todos os conteúdos de Biologia, mas ao invés disso, os conteúdos são trabalhados de forma estanque e se m inter-relação. Em geral, o primeiro ano do ensino médio tem como temas as teorias da origem da vida, evolução e citologia, sendo a ecologia, a diversidade dos seres vivos e a genética tratados nos anos posteriores.

A ordem dos conteúdos pode variar de escola para escola e de região para região. Quando se inicia o estudo da célula (citologia), os livros didáticos abordam a evolução dos primeiros seres vivos unicelulares até os pluricelulares, mostrando o aumento da complexidade das células procariotas em relação às eucariotas. Os alunos passam a ter uma noção da diversidade biológica a nível celular. O maior confronto, entretanto, se dá na abordagem das hipóteses da origem da vida e nas teorias da evolução. Em um interessante trabalho sobre a concepção de evolução, Zaikowskietal (2008), nos Estados Unidos, argumentam sobre a importância da história das ciências e a evolução das ideias de filósofos e cientistas de várias épocas. Segundo eles, a primeira coisa que pensam os estudantes quando ouvem a palavra “evolução” é na evolução bio lógica, que por sua vez não é bem compreendida. Os estudantes compreendem melhor a ev olução biológica quando a evolução é apresentada em um contexto mais amplo, que integra conceitos de física, química e biologia.

É importante explorar não só a evolução do universo, do sistema solar e da vida na Terra, mas também a evolução do conhecimento na perspectiva dos cientistas em cada campo, percebendo como esse conhecimento influiu na “evolução” do entendimento dos processos da natureza.

Aprofundar concepções baseadas no senso comum sobre a evolução dos seres vivos é algo que merece consideração por parte dos professores. Considerar as ideias prévias e avaliar o aprendizado, envolvendo os alunos em diferentes situações de pesquisa e atividades em grupos, podem ser ferramentas interessantes no estudo das teorias evolutivas. Assim, essa pesquisa foi conduzida no intuito de avaliar as percepções de alunos de uma escola pública do município de Giruá, RS, buscando compreender como eles interpretam a questão evolutiva dos seres vivos. Para tanto, procurou-se verificar a percepção dos estudantes da 4ª série do Ensino Fundamental e o aprendizado de estudantes da primeira série do Ensino Médio sobre origem e evolução da vida. Para continuar lendo...


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* Artigo publicado na Revista Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI. Vol.7, N.13: p.163-171, Outubro/201. ISSN 1809-1636.

31 julho, 2011

A filosofia faz-se pensando

Este é um bom artigo que auxilia os professores de filosofia em suas práticas pedagógicas de sala de aula. Achei importante socializá-lo aqui no Mora na Psicologia. Ele está postado na revista de filosofia Crítica na Rede.
http://criticanarede.com/fil_fazsepensando.html



Um debate de ideias para estudantes da primeira unidade do 10.º ano
Paulo Jorge Domingues de Sousa


Introdução


Terminei o ano lectivo de 1999/2000 pensando que as aulas expositivas não funcionam bem com o 10.º ano da Introdução à Filosofia. Os alunos foram recebidos na disciplina com uma abordagem teórica que a tornou enfadonha e desmotivante, comprometendo tanto a adesão às actividades da aula como a compreensão profunda e intuitiva daquilo que é a filosofia e de quais são os horizontes que ela nos abre, enquanto pensamento crítico interessado em melhorar a nossa compreensão do mundo e de nós próprios. Caí no erro de falar sobre a filosofia, a partir de fora, e poucas vezes a pus em prática. Os resultados foram maus. Com este tipo de trabalho e de resultados, de modo algum se justifica a inclusão da Filosofia no conjunto das disciplinas de formação geral, dando lugar a aulas enfadonhas que ensinam pouco ou nada que se aproveite e que constitui apenas perda de tempo e de energias. Mea culpa. Das conversas que tive com os outros colegas que leccionaram o 10.º ano durante este ano lectivo, deduzi que algo semelhante se passou com as suas turmas. ... Veja mais aqui

15 julho, 2011

17ª CRE Realiza o I Curso de Formação Continuada para Profissionais da Educação

A 17ª Coordenadoria Regional de Educação de Santa Rosa promove entre os dias 18 a 22 de julho, do referido ano, o I Curso de Formação Continuada para Profissionais da Educação. O evento é inédito, pois até o momento, não se tinha oferta desse tipo de ação por parte da Secretaria Estadual da Educação e da Coordenadoria Regional de Educação que reunisse todos os professores e agentes educacionais da Rede Pública Estadual.

Entre a programação do Evento, que contará com palestrantes como o Doutor e Vice-Reitor da Universidade Federal Fronteira Sul Antônio Inácio Andriolli, o professor da Unisinos Raul Pont, a Consultora do Ministério da Educação Danise Vivian e a professora da URI Rosângeloa Binotto.
Acontecerá também, no dia 18, o I Colóquio Sobre Formação Continuada de Trabalhadores em Educação, evento esse desenvolvido em parceria com instituições de ensino superior da Região, Cpers e outras CREs e visa proporcionar o debate e a reflexão de 16 áreas de ensino.

O I Curso de Formação Continuada acontecerá simultaneamente nos municípios de Santa Rosa e Três de Maio. Em Santa Rosa no Centro Cívico e Cultural Antônio Carlos Borges (dias 18, 20 e 21) e no ginásio de esportes do Colégio Salesiano Dom Bosco (dia 19). Em Três de Maio no Clube Buricá (dias 18, 19, 20 e 21). As palestras acontecerão pela manhã, nos horários das 8h30min às 12h e, na tarde, entre às 13h30min às 17h. No dia 22, a formação acontecerá nas escolas.

Segundo a Coordenadora da 17ª CRE Ilse Bamberg, o evento proporcionará a formação dos profissionais em educação na perspectiva de uma educação pública de qualidade social com cidadania. As atividades envolverão cerca de 2300 profissionais da educação.

01 abril, 2011

Secretário da Educação do RS visita Santa Rosa

Foto: Marcela Santos

Em Santa Rosa, nesta sexta feira, secretário da Educação do RS, Jose Clovis de Azevedo anunciou concurso para o 2º Semestre de 2011, como demais ações do Governo. Infraestrutura, formação de professores e fundamentos pedagógicos serão as ações principais da Seduc.

O secretário participou também de uma reunião com os dirigentes das instituições de ensino superior da Região. Ficou acertado que as instituições públicas e comunitárias irão elaborar uma proposta em conjunto para a formação de professores.

Ainda na palestra com lideranças políticas de toda a região, diretores e professores de escolas o secretário fez críticas o GEEMPA por afirmar que alfabetiza crianças em um mês. Segundo o Secretário é preciso respeitar o ritmo intelectual de cada criança. Está sendo pensado o ciclo de alfabetização para crianças de 6, 7 e 8 anos. Nesse período deve ser respeitado o percurso da alfabetização de cada estudante. No final do ciclo os estudantes devem sair alfabetizados. "O Estado não pode terceirizar serviços que lhe é de sua obrigação. É papel da Secretaria da Educação desenvolver e apresentar propostas de alfabetização à sociedade gaúcha", afirma Azevedo.